Algo novo no horizonte
- Ricardo Felizzola
- 27 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
A empresa Zoom Communications atingiu nesta data 300 milhões de usuários contra 10 milhões que tinha em dezembro de 2019. Seu valor de mercado foi a 48 bilhões de dólares. Ela desenvolveu um aplicativo extremamente amigável para facilitar reuniões virtuais com grande capacidade de participantes se for necessário. Há um par de anos seriam “conferências em vídeo”, nome pomposo para algo que existia quase que somente no âmbito das empresas. Hoje é possível para qualquer grupo de pessoas que tenham um dispositivo computacional com camara de vídeo e microfone. Esta explosão no número de usuários e hipervalorização do negócio deu-se justamente no período da pandemia. Medidas de isolamento só ajudaram. A implantação de “home office” também é outro fenômeno que ajuda o uso da ferramenta. Por outro lado, empresas aéreas como a American Airlines (4 bilhões US$ de valor ), Delta (12 bilhões), Lufthansa (4 bilhões), neste mesmo período tornaram-se candidatas a falência. Observe-se que as três somadas não valem a metade da nova empresa de comunicação.
O fato serve para uma boa reflexão. Em termos de efeito econômico, no momento, enfrentamos um “tsunami”. As vendas nos Estados Unidos, em abril, foram de -80% em vestuário, -40% em artigos esportivos e lazer, -30% em lojas de departamento, bares e postos de gasolina, tendo um crescimento de +8% nas transações “online”. Neste ambiente inovações como o Zoom surfam na onda. O negócio convencional sofre. As tendências inovadoras, em termos de uso, se aceleram e os costumes se alteram já que há uma parada obrigatória no ritmo de toda a sociedade na busca de uma forma de conviver com a ameaça.
A crise é imensa. O capitalismo, que se permitia conviver concentrando seus principais processos industriais na China, se vê encurralado, no momento em que os negócios, na área de lazer e serviços, também foram interrompidos pela falta de consumidores. Las Vegas, por exemplo, tornou-se cidade fantasma. Competições esportivas, artes cênicas ao vivo, salas de cinema e os “shopping centers”, tudo interrompido. Milhões de dólares sem circular e um desemprego recorde na história recente. O desastre fere o cerne da principal estratégia capitalista e mudanças virão. Globalização e globalismo em cheque, e uma disputa pela nova ordem entre a visão coletivista que teima no “nós” e a visão do indivíduo que quer trabalhar, inovar, crescer com sua família produzindo para a sociedade sem ser atrapalhado pelo Estado. Crise e oportunidade formando a sopa de algo novo que vem por aí. Resta preparar-se.
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