Estado e indivíduo
- Ricardo Felizzola
- 5 de jul. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 6 de jul. de 2020
Com 10 mil anos de história documentada o “Homo Sapiens” vem traçando uma rota de avanços compatível com sua racionalidade, a maior arma que a natureza lhe concedeu. No decorrer da jornada ele se organiza em sociedade, através de elementos estruturantes que são abstrações que funcionam no sentido de melhorar a sua convivência.
No século XVIII surge, por exemplo, o conceito de Estado, promovendo a soberania de países politicamente organizados. Ele traz consigo o monopólio da violência legítima na busca de um bem comum: a segurança. São os cidadãos nativos de uma sociedade que, de comum acordo, constituem o Estado. O documento fundamental para isto é a Constituição. Ela deve sintetizar os valores e crenças de um povo. O Estado é dirigido por seu governo, que pode exercer a coerção obrigando indivíduos a seguir as leis. É neste ponto que aparece a discussão: o quanto deve ser sacrificada a liberdade de um cidadão para atender demandas do Estado na realização de seus serviços? Trata-se aqui do conflito entre “o Estado e o indivíduo” cuja solução é fundamental para se exercer a verdadeira cidadania. O Estado é constituído para servir em soluções coletivas e o governo tem que ter consciência plena disto. O governante não pode violentar indivíduos e famílias, em nome de uma vontade mal expressa, de um ideal não constituído ou simplesmente pelo peso de responsabilidade do cargo. Preocupa a situação do RS e de sua capital pelo que se anda fazendo para enfrentar o desafio da atual epidemia. A impressão é que cidadãos estão perdendo sua liberdade, em nome de algo desconhecido. Parece que há uma sucessão ações equivocadas, geradas para atender a pressão de órgãos de comunicação, que influenciam uma governança que vacila, a ponto de desrespeitar os valores fundamentais, como o da liberdade de ir e vir. Não se pode acreditar em planos deste tipo e que não levem a resultados concretos. A boa governança é holística, não deve sacrificar toda uma sociedade e tomar apenas a bandeira da saúde. Pessoas precisam trabalhar e crianças precisam voltar a escola. O governo deve mostrar segurança na sua meta e respeitar valores constituídos. A boa governança preocupa-se com “todas” as vidas e quando clama pela ciência, observa que ela, sem a experiência comprovada de teses discutíveis, pode trazer várias alternativas, inclusive as que vão se mostrar equivocadas no futuro. Regimes sucumbem ao usar a coerção para tirar liberdades sem justificativas sensatas. Deve-se ouvir toda a sociedade e ter a humildade de respeitar princípios básicos dos cidadãos de bem.
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